O que Game Of Thrones me ensinou sobre Marketing, Concorrência e Reputação?

O que Game Of Thrones me ensinou sobre Marketing, Concorrência e Reputação?

Que Game of Thrones, da HBO, acumula marcos superlativos não é novidade. Foi a série mais pirateada de 2016 após permanecer cinco anos na lista. A produção da HBO baseada nos romances As Crônicas do Fogo e Gelo, de George R.R. Martin, também já foi considerada uma das mais caras com um valor estimado de US$ 10 milhões por episódio e um custo total de quase US$ 100 milhões por temporada.

A grande responsável pelo maior sucesso recente de audiência da HBO também movimenta milhões em outra esfera, a dos negócios e do marketing.

Mas, apesar de ter uma trama muito envolvente, consegui aprender bastante coisa assistindo todas as suas 7 temporadas!

A importância do Benchmarking

Numa tradução simples e direta, o termo benchmarking significa “ponto de referência”. Nada mais é do que uma análise profunda que permite-te comparar, de forma minuciosa, os produtos, serviços, práticas, metodologias e até mesmo a comunicação e o marketing da sua concorrência – vale ressaltar que também pode ser interessante realizar o bench com empresas de outros segmentos.

Nas Crônicas de Gelo e Fogo temos, claramente, dois grandes “benchmarkers”: Lorde Varys e Lorde Petyr “Mindinho” Baelish.

Ora, ambos praticamente vivem dentro de seus “concorrentes”, analisando as estratégias de guerra, o clima dos impérios familiares e, em muitas ocasiões, até boicotando-os – não façam isso em casa! Como já dizia Sun Tzu, em A Arte da Guerra:

Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.

Então vamos começar a embasar nossas ações com uma aprofundada análise dos principais concorrentes do setor? Aposto que você terá ótimos insights através dos pontos fortes e fracos analisados, bem como fraquezas e oportunidades de seus competidores.

A força do Cobranding

Conceituada por Spethmann e Benezra (1994) como “uma parceria de duas ou mais marcas para formar um produto separado, único e transferir associações positivas dos parceiros para os mesmos”, o cobranding pode ser retratado em Game Of Thrones como a parceria de Daenerys Targaryen (Primeira de seu nome, Nascida da tormenta, A não queimada, Mãe dos Dragões…) e Jon Snow nas últimas temporadas.

Com a estratégia de cobranding, espera-se que uma marca fortaleça a outra e que isso seja perceptível pelos seus públicos de interesse. A aliança de Daenerys e Jon é exatamente isso: mais que uma parceria para alcançar determinado objetivo, sendo perceptível pelos seus públicos de interesse: seus exércitos e aliados e colocando em risco os seus “concorrentes”: os Lannisters e os White Walkers.

Para complementar o cobranding, separo alguns bons exemplos mercadológicos com uso da estratégia: Bob’s e Ovomaltine, Mcdonald’s e Kopenhagen, GoPro e Redbull e Uber e Spotify.

O impacto da inovação

Que vivemos épocas de concorrência acirrada e um número absurdamente elevado de empresas nos mais variados setores ninguém duvida. Quando temos uma alta oferta, precisamos nos diferenciar para recebermos um devido destaque aos olhos dos nossos públicos e, para tal, melhor do que inovar.

É aqui que podemos fazer uma analogia (bem louca, por sinal) entre a Netflix, as operadores de televisão por assinatura e Game Of Thrones: Supondo que o Trono de Ferro é o consumidor brasileiro e as Casas são as empresas de televisão que aqui estão (Sky, Net e afins), Westeros seria o Brasil e os White Walkers seriam quem? Isso mesmo, a Netflix.

Por anos e anos as casas tradicionais (TV por assinatura) lutaram e se digladiaram pelo Trono de Ferro (consumidor), mas bastou os White Walkers (Netflix) chegarem que todos os milhões de anos lutando foram por ralo à baixo.

A reputação é um fator-chave

Podemos entender a reputação como uma estimativa e/ou avaliação das ações que o objeto de estudo (organização, empresa, figura pública, etc) realizaram interna e externamente, mas, também, uma relação da expectativa que temos sobre seus futuros comportamentos baseados no seu desenvolvimento ao longo do tempo.

Desde sua origem, os Lannister se tornaram conhecidos como bons pagadores – daí a célebre frase dos “Lannister sempre pagam suas dívidas”. Esta reputação positiva sempre concedeu vantagens em negociações para o império de Casterly Rock.

Para as organizações não é diferente! A reputação é um ativo intangível de uma empresa que ajuda a criar valor (Zabala et al, 2005; Roberts & Dowling, 2002). Assim como apresentada pelos Lannisters, a reputação se constrói com o tempo e baseia-se na percepção de todos os seus públicos!

É imprescindível, pois a reputação pode ser utilizada como um recurso estratégico que possibilita uma melhor inserção das empresas nos mercados globais, servindo também, de acordo com Van Riel (2004), como um imã para atrair investidores e consumidores, bem como reduzir custos de capital, afetando de forma positiva nas análises financeiras.

Referências

FOMBRUN, Charles J.; CEES. M. VAN RIEL. Fame and Fortune: How Successful Companies Build Winning Reputation. New Jersey: Pearson Education, 2004

ROBERTS, P. W.; DOWLING, G. R. Corporate reputation and sustained superior financial performance. Strategic Management Journal, v. 23, i. 12, 2002.

SPETHMANN, B.; BENEZRA, K. Co-brand or be damned. Brand Weer, 35, 1994

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Jason Mello

Jason Mello

Sócio-Diretor de Marketing da Agência Lorean, é altamente competitivo e louco por qualquer jogo ou esporte que possa render uma aposta honesta, além de ser apaixonado por marketing em todas as suas formas, tecnologia, política e astronomia.Sofre toda a semana uma piada sobre sexta-feira 13 diferente.

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