Inteligência Artificial pode ser conselheira em investimentos

Tecnologia analisa dados, gerencia riscos e dá orientações sobre como investir em produtos financeiros.

A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente em diferentes áreas, como medicina, indústria, varejo, logística e, também, finanças.

A partir da capacidade de interpretar volumes expressivos de dados, a tecnologia pode ajudar os investidores a tomarem decisões para a criação de portfólios, monitorar tendências, gerir riscos e automatizar atividades do setor financeiro.

Um exemplo de ferramenta que usa a IA é o gerador de textos da OpenAI, ChatGPT. Na área financeira, ele pode ser utilizado para esclarecer dúvidas e dar recomendações acerca de investimentos a partir de conteúdos disponíveis na internet.

Já o FinChat, chatbot do mercado estadunidense, fornece dados sobre empresas de capital aberto para ajudar os investidores a decidirem seus passos no mercado financeiro. 

Ao digitar uma pergunta, o usuário dessas ferramentas recebe respostas, em poucos segundos, sobre diferentes.

Dessa forma, pode obter informações sobre como investir em CDB (Certificado de Depósito Bancário), Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), fundos de investimento, ações e outros produtos financeiros.

Em 2023, o Me Poupe!, fundado pela influenciadora financeira Nathalia Arcuri, lançou um aplicativo para ajudar as pessoas a escolherem qual é o melhor investimento baseado em orientações feitas por IA. A ferramenta foi treinada a partir de dados fornecidos pela própria empresa. 

De acordo com Nathalia, em entrevista à imprensa, o intuito da iniciativa é colaborar para que o público possa aprender sobre finanças pessoais e optar pelas aplicações mais adequadas à sua realidade. 

As mulheres integram 78% da base de usuários, sendo as que mais usam a plataforma. Do público geral que utiliza o app, seis a cada dez são do Sudeste do Brasil e iniciantes na jornada de investimentos. Como começaram há pouco tempo, 58% dos objetivos criados no aplicativo estão relacionados à composição de uma reserva de emergência, sendo que a maioria (76%) do público não tinha este objetivo antes.

IA não deve substituir assessores e analistas de investimentos

Apesar de toda praticidade, a IA não deve ameaçar a função do assessor de investimentos ou de analistas do setor. Conforme o superintendente da Associação Brasileira de Assessores de Investimentos (ABAI), Francisco Amarante, as ferramentas que utilizam a tecnologia não substituem aspectos como a relação de confiança entre o cliente e esses profissionais. 

Ele acredita que o relacionamento humano sempre irá prevalecer ao artificial. A IA é um campo da ciência da computação focada em desenvolver algoritmos e sistemas para realizar atividades que, normalmente, requerem inteligência humana. As tarefas incluem percepção, aprendizado, compreensão da linguagem natural, raciocínio, reconhecimento de padrões, resolução de problemas e tomada de decisões. 

A IA, contudo, não “raciocina” ou “pensa” do mesmo modo que os seres humanos, apenas opera com base em padrões matemáticos e estatísticos, identificados nos dados.

Por isso, as ferramentas que utilizam a tecnologia são passíveis de erro, já que dependem da qualidade dos dados e dos algoritmos utilizados. Além disso, embora possa fornecer recomendações baseadas em análises de informações complexas, a interpretação e a tomada de decisão devem ser feitas pelos investidores conforme o contexto, os objetivos e a tolerância ao risco. 

Se usada com responsabilidade, IA pode ser aliada

Os portais especializados em tecnologia e em educação financeira percebem os recursos de IA voltados para conselhos de investimentos como aliados dos profissionais da área, deixando-os com mais tempo livre para se dedicarem às outras atividades. 

Durante o Summit de 2023, realizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a especialista em tecnologia financeira, Clara Durodié, destacou a rápida evolução das soluções tecnológicas e o surgimento de uma série de riscos. 

A especialista alertou sobre  a importância de regulamentar o mercado que tem como ponto central a IA nos investimentos para evitar consequências indesejadas e garantir a proteção dos investidores.